Isso é o que oferece uma empresa suíça estabelecida na Espanha, converter os restos mortais de nossos entes queridos em pedras preciosas, por um preço 3.300 a 11.000 euros, dependendo do número de quilates. A empresa se compromete em recolher as cinzas, entregá-las a um laboratório suíço que realizará a transmutação química e as devolverá a seus proprietários convertidas num precioso diamante.

Até agora, empresas americanas haviam desenvolvido métodos parecidos, mas que necessitavam de aditivos para formarem a pedra final. Foi a partir dos estudos desenvolvidos pela Academia de Ciências de Moscou é que se conseguiu um processo de purificação que produz uma jóia composta exclusivamente pelas cinzas. A empresa está estabelecida na Suíça, mas oferece seus serviços em toda Europa, Estados Unidos e Japão, por meio de sua página na internet: www.algordanza.com.

Os diamantes naturais originam-se da cristalização do carbono submetido a uma determinada pressão em um processo que dura milhares de anos. No final dos anos cinqüenta, a Empresa General Electric desenvolveu o primeiro diamante sintético ao submeter a grafite a uma pressão e temperaturas extremas. Os diamantes de um defunto seguem um processo similar, mas com as cinzas.

A pessoa amada, no plano poético, é uma jóia, uma esmeralda de virtuosos reflexos, um diamante polido pelo carinho do dia-a-dia e pela forja das recordações. Mas, ao morrer, a gema do amor desaparece e em muitos casos acaba convertida em cinzas. Passado o momento difícil e derradeiro do crematório, a ciência afirma que a pessoa, literalmente, pode chegar a ser o diamante que sempre foi.

Ao final, contemplando esse maravilhoso diamante no dedo, compreenderá, com lágrimas nos olhos, depois de todos os problemas, discussões, brigas, disputas, cara feia, incompreensões, várias tentativas frustradas de separação, que havia vivido junto a uma verdadeira jóia.

Rafael Morales

Autor

Revista Esfinge